Between over-protection and freedom [EN/PT]

Being a mother was never in my plans. I always think about how raising children must be complex. How do you balance being present in a child's life without being invasive? How do you give them freedom without letting them get lost? It can’t be easy at all.

I was raised by my grandmother, always with a lot of dialogue. I never needed to be punished to understand what was right or wrong. She always talked to me, guided me, explained the consequences of my choices, and helped me see things from different perspectives. That made me grow up with a strong sense of responsibility and autonomy. Of course, not every child reacts the same way, but I believe this is the healthiest approach. No one likes to feel controlled or suffocated.

I think the balance between being present and giving space is very delicate. Some parents want to be so involved in their children's lives that they become overprotective, preventing them from developing independence. But there are also those who give too much freedom. The kids end up on their own, and well, that’s risky, right? Finding the middle ground is difficult, especially when trying to figure out how far to go without interfering too much or scaring them away completely.

I believe that always being close is ideal. But a child's space—just like anyone else’s—shouldn’t be invaded. We’re surrounded by stories that didn’t end well precisely because of a lack of proper guidance. Teenagers who rebel against their parents for being excessively controlled. Parents who ruin their children's lives because they don’t have full control over them. Excess is always harmful.

To me, the key is dialogue and trust. A child or teenager needs to know they can count on their parents for anything, without fear of severe punishments or judgment. At the same time, they also need to understand that there are limits and that freedom comes with responsibility.

Many parents think they need to control every step their children take to protect them, but sometimes, that need for control can end up pushing them away.

Who hasn’t heard of a teenager who started hiding things from their parents out of fear of their reaction? It’s natural.

Back in school, I changed schools once. But I remember that I didn’t want to stay there, even though most of my friends were at that new school. If my grandmother had imposed that limitation on me, forcing me to stay, maybe I would have started skipping classes, missing school, and my performance would have been terrible. But she always trusted me and let me make my own choices. The result was that I got into a public university right after high school. If it weren’t for her encouragement, I might have missed that opportunity. I imagine that with kids, it’s like that all the time—allowing them to make decisions while always being there to support and guide them when necessary.

Another important point is understanding that every child has their own timing and personality. Some need more space to figure out who they are, while others need more presence to feel secure. The real challenge is recognizing these signs and adjusting the level of involvement according to what each one needs.

Freedom should be given gradually, as the child shows they’re ready to take on certain responsibilities. Too much information can be overwhelming, and too little can be harmful. When raising children, this balance between giving space and being present needs to be carefully measured.

The truth is, there’s no exact formula for being a good parent. But I believe that if there’s love, respect, and open dialogue, the right path becomes much clearer.

Ser mãe nunca esteve nos meus planos. Eu sempre penso em como criar filhos deve ser complexo. Como equilibrar a presença na vida de uma criança sem ser invasivo? Como dar liberdade sem permitir que ela se perca? Não deve ser nada fácil.

Eu fui criada pela minha avó e sempre com muito diálogo. Nunca precisei apanhar para entender o que era certo ou errado. Ela sempre conversava comigo, me instruía, me explicava as consequências das minhas escolhas e me fazia enxergar tudo por vários ângulos. Isso me fez crescer com um senso de responsabilidade e autonomia muito fortes. Claro que nem toda criança reage igual, mas acho que dessa forma é a mais saudável. Ninguém gosta de se sentir controlado e sufocado.

Acho que o equilíbrio entre ser presente e dar o espaço necessário é bem delicado. Tem pais que querem estar tão envolvidos na vida dos filhos que se tornam superprotetores, impedem que a criança tenha independência. Mas também tem aqueles que dão liberdade demais. Os filhos acabam ficando por conta própria e aí, bem, é perigoso, né?! O meio-termo é difícil de ser encontrado. Ainda mais entendendo até onde deve-se ir sem interferir muito e sem assustar compeltamente.

Eu penso que estar sempre por perto é ideal. Mas não deve-se invadir o espaço do filho - nem de ninguém. A gente tá cercado de histórias que não terminaram nada bem justamente por essa falta de um direcionamento mais adequado. Adolescentes que se rebelam contra os pais por terem sido excessivamente controladores. Pais que acabam com a vida dos filhos, por não terem o controle completo deles nas mãos. O excesso é sempre prejudicial.

Para mim, o segredo está no diálogo e na confiança. Uma criança ou adolescente precisa saber que pode contar com os pais para tudo, sem medo de punições severas ou de julgamentos. Porém, ao mesmo tempo, também tem que entender que existem limites e que liberdade vem acompanhada de responsabilidade.

Muitos pais acham que precisam controlar cada passo dos filhos para protegê-los, mas às vezes, essa necessidade de controle pode acabar os afastando.

Quem nunca ouviu falar de um adolescente que começou a esconder coisas dos pais porque tinha medo da reação deles? É natural.

Na época da escola, eu mudei de colégio. Mas lembro que eu não queria continuar lá, mesmo que a maioria dos meus amigos fossem dessa nova escola também. Se minha avó tivesse me imposto essa limitação de não voltar para o colégio antigo e me obrigasse a continuar na nova, talvez eu tivesse começado a matar aulas, faltar, e meu desempenho teria sido horrível. Mas ela sempre confiou em mim e me deixou seguir com minhas escolhas. O resultado foi uma aprovação em uma universade pública ao final do ensino médio. Se não fosse pelo incentivo dela, talvez eu tivesse perdido essa experiência. Imagino que, com filhos, deva ser assim o tempo todo: permitir que eles tomem decisões, mas estando sempre por perto para apoiar e orientar quando necessário.

Outro ponto importante é entender que cada criança tem o próprio tempo e personalidade. Alguns precisam de mais espaço para descobrir quem são, enquanto outros precisam de mais presença para se sentirem seguros. O difícil e desafiador é perceber esses sinais e ajustar o nível de envolvimento de acordo com o que cada um precisa.

A liberdade deve ser dada aos poucos, conforme a criança mostra que está pronta para assumir certas responsabilidades. Informação demais pode confundir, e informação de menos pode prejudicar, na criação de filhos, esse equilíbrio entre dar espaço e estar presente precisa ser dosado com muito cuidado.

A real é que ninguém tem uma fórmula exata para ser um bom pai ou mãe. Mas acredito que, se houver amor, respeito e um diálogo aberto, o caminho certo fica mais claro.